Jawani Diwani (1972)

Tragédia na minha vida bollywoodiana: perdi o conteúdo do meu HD externo e por consequência, todos os meus filmes indianos. Era tudo o que eu não esperava antes de um feriado, mas ao menos ainda tenho uns seis filmes guardados aqui (sendo um deles telugu). Acredito que agora terei de criar o hábito de assistir ao filme depois que ele chega, ao invés de deixá-lo esquecido até um dia em que lembre da sua existência.

Outra péssima consequência da minha tragédia cultural é que não tenho como tirar prints de nenhum dos filmes sobre os quais estava planejando escrever. Alguns, como Junglee, Don  e Teesri Manzil, acho especiais demais para não me perder em prints. Já outros mais simples como o nosso Jawani Diwani ("Juventude Louca") de hoje podem muito bem sobreviver com fotos encontradas na busca do Google. A maior parte veio do Bollywood 501. Só é chato porque planejava tirar prints de vários sáris que a Jaya usou!

Vijay (Randhir Kapoor) é um rapaz despreocupado que só tem como interesse se divertir com seus amigos da faculdade, o que deixa triste seu irmão mais velho, Ravi Anand ( Balraj Sahni). Este é casado com Madhu (Nirupa Roy) e ambos são muito felizes, exceto pelo fato de o irmão de Madhu (Iftekhar) ter cortado relações com o casal há muitos anos. Isto se deu devido a família de Madhu ser rica e Ravi ser filho do contador, nunca tendo o irmão dela aceitado este "rebaixamento" da família. Sua filha Neeta (Jaya Bachchan) nem mesmo sabe que a tia está viva. As inimizades vem à tona quando Vijay e Neeta se apaixonam. Direção de Narender Bedi.


Ao mesmo tempo em que este filme não tem uma história muito original, há alguns motivos para eu crer que tenha sido importante. O primeiro é ter sido um dos maiores sucessos de bilheteria de 1972. O segundo é ser um filme sobre jovens e feito por jovens, coisa que pensei ter se iniciado só em Bobby, que veio um ano depois! Nas minhas contas a Jaya tinha 24 anos e o Randhir, 25. A história os mostra contra casamentos arranjados e a favor do amor, fugindo de casa, andando com gente da sua idade, indo à boates e conversando alto na cantina. Foi muito interessante um dos personagens mais velhos, acho que o diretor da faculdade, falando sobre como os pais não prestam atenção aos filhos (ou algo do tipo). Foram umas falas bem breves a favor da juventude, pena eu não ter mais o filme aqui. Se formos pensar que até hoje estão discutindo isto nos filmes indianos, parece que ninguém está ouvindo a lição.

Não entendi a Neeta. Menor de idade, mas na sala do Vijay (qual é a maioridade indiana?). Escrevendo cartinhas de amor e dirigindo, mas carregando uma boneca feia para todo lado. A verdade é que apesar de eu adorar a Jaya e ter gostado muito de vê-la, sua personagem não era muito interessante. Tudo o que fazia era olhar timidamente para baixo e dizer "Vijaaaaay, não vivo sem você", coisa que as heroínas estão sempre fazendo. Entretando, Neeta levantou uma questão muito importante que às vezes me assalta quando estou vendo filmes indianos: esses jovens que fogem para viver seu amor pensam que a vida é fácil? Assim que chegaram ao seu destino, ela enumerou as dificuldades: não sabia cozinhar, não tinham dinheiro nenhum, ele não tinha emprego e o emprego que arranjasse não permitiria que abrisse seu próprio negócio, como Vijay sugeriu. Estava bem interessante até ela sugerir trabalhar para ajudar e ele dizer que não, pois "Você cuidará da minha casa" e ela ter achado ótimo. Bem, mas o que esperar de uma pessoa que sai correndo para chorar no quarto quando a coisa fica séria e  leva uma boneca para a balada? Por falar na balada, havia vários caras puxando o braço da Neeta e há muitos pontinhos de machismo durante o filme, mas é o "de sempre" e estou sem paciência para relembrá-los.

No começo eu não estava aceitando bem o casal porque o Randhir é o único Kapoor do qual não gosto e sinto grande dificuldade em vê-lo como herói romântico (e mais dificuldade ainda em torcer por ele). Tenho um bloquinho do Harry Potter em que anoto algumas coisas durante os filmes, anotações poucas vezes aproveitáveis. A intenção era auxiliar minha memória para quando fosse escrever posts, mas acabou virando um bando de frases minhas zoando durante os filmes. Lendo o que escrevi sobre o Randhir durante o filme, fica claro qual é o meu problema com ele:



- Outra vez, acho o Randhir muito velho para o papel.

- Randhs chama de "tio" um cara que deve ter a idade dele.

- Se olhar bem no rosto, o Randhir não é tão velho.

Ser tão parecido com o pai (Raj Kapoor) só que não tão bonito sempre me faz pensar que o Randhir é muito mais velho do que aparenta. Tanto que achei que ele tivesse uns 35. Mas não é só uma questão física, antes fosse. Ele está sempre com a mesma expressão em todas as cenas! Como este foi um de seus primeiros filmes, talvez eu esteja sendo dura demais.

Os clipes tem bastante energia. Um dos que mais me chamaram a atenção foi  Nahin, Nahin, Abhi Nahin. É uma espécie de clipe sobre iniciação sexual sem que ela realmente aconteça...e a Neeta ficou assustada no fim. Adorei o sári azul da Jaya. Boa também é Agar Saaz Cheda To , me deixou contente porque faz parte do contexto de um desafio musical entre os meninos e as meninas. Gosto de adultos brincando! Também há a clássica Yeh Jawani Hai Diwani , onde vamos Randhir stalkeando bonito com sua motocicleta. Agora que estou vendo o vídeo, lembrei que fiquei dançando! A trilha é de autoria de R.D. Burman e todas as músicas são cantadas pela Asha e pelo Kishore.

Jawani Diwani funciona como entretenimento, mas as mensagens não foram muito bem passadas e os personagens são fracos (tem gente que repentinamente ganha instintos assassinos). As pessoas não devem ser julgadas por sua classe social e casamentos não devem ser forçados a jovens, mas não acredito que a melhor saída seja sair culpando os adultos e fugir de casa sem dinheiro. Tsc, nem sei por que me reclamo. Pelo menos não havia ninguém dizendo que queria viver aos pés do marido.

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