Luv Ka The End (2011)

Eu tinha dois motivos para estar ansiosa por Luv Ka The End. O principal era que eu estava num momento de tensão com o cinema indiano, já que não agüentava mais ver aquelas mulheres-deusas-que-se-sacrificam nos filmes, especialmente depois de ver a Nutan se sacrificando pelo milésimo filme seguido. Quando vi o trailer de LKTE, estava com sede de sangue, cliquem aqui para entender. Bem mais tarde, descobri que a Yash Raj Films, uma das produtoras mais tradicionais de Bollywood, estava lançando uma subsidiária para a produção de filmes com promoção de novos talentos, a Y-Films. A YRF é meio arcaica e andava amargando fracasso atrás de fracasso, então fiquei curiosa para saber qual era a dessa novidade toda. 

A história é a seguinte: Rhea (Shradda Kapoor) namora Luv (Taaha Shah), com quem planeja perder a virgindade em seu aniversário de 18 anos. No dia do aniversário, descobre que ele não apenas a trai, como também participa de um clube online de jovens bilionários que fazem uma competição anual de conquistas. Os participantes ganham pontos por cada conquista amorosa realizada, divulgando fotos e vídeos no site. Luv estava com o maior número de pontos no ano em questão, e faltava pouco para que o 2º lugar o alcançasse. Para ganhar um grande número de pontos e estabelecer vantagem, é necessário apresentar provas da conquista mais valiosa no site: uma virgem tímida e recatada. A presa da vez é nossa Rhea, que fica enraivecida ao descobrir a verdade e com a ajuda de suas melhores amigas, decide se vingar de Luv na noite de seu aniversário. 



Opa, deu para notar a enxurrada de novidades? Perder a virgindade e vingança feminina é a última coisa que vem à minha cabeça quando penso em um filme da YRJ: eles nos deram Dilwale Dulhania Le Jayenge! O que me pareceu é que a necessidade de conexão com o público jovem urbano é muito grande, mas pesaram a mão no filme, que ficou muito estereotipado. Na busca desse público, fizeram um filme adolescente americano típico. Não me refiro às roupas dos personagens ou a falarem inglês vez ou outra, já estou acostumada com isto. Falo do fato de o filme lembrar o Todas Contra John (que nunca vi), de não ter nada que parecesse diferente. Não sei se é isto o que quer a juventude indiana, mas achei fraco demais para a estréia de uma produtora. Minha sensação foi que meu interesse pela Y-Films não duraria nem até o intervalo. 

O "GO FUCK YOURSELF" que ela grita
me deixou atraída pelo filme!
Poderiam ter tido mais cuidado com as cenas. Na cena em que estava descobrindo toda a traição, Rhea saiu correndo para chorar, e uns 10 minutos depois, já estava fazendo aquela cena tradicional de olhar para a tela e jurar vingança. Como é que conseguiram passar tão pouca firmeza em uma cena tão clássica? Adoro este tipo de cena e não canso dela, mesmo já a tendo visto em tantos filmes. Já estava ruim quando a Shradda (como se pronuncia isto?) estava chorando e não saiu nenhuma lágrima, mas a tal cena foi pior porque deveria ter dado o tom de “ARRASA, GAROTA!” para o resto do filme. Taaha Shah também não fez muito melhor, mas convenhamos que o rapaz não teve muitas cenas boas para fazer grande coisa. O indivíduo até teve que fazer cena em que se coçava porque as meninas puseram pó-de-mico em sua cueca (jura que chamam isso de novo?). Comentei que ele teve de se vestir de mulher? Até que o garoto mandou bem. O nome do clipe em que a magia acontece é  Mutton, e foi promovido como a nova Munni, melhor que a Sheila, algo assim (vejam o post do Tees Maar Khan). Não tem tanta graça quanto queriam fazer ter, mas poderia ser pior. Ruim é a música, ou melhor, as músicas. A única de que gostei foi F.U.N. Fun Fanaa, mas foi mais por ser engraçadinha e por o clipe ter a participação de um cantor que eu não esperava ver. Cliquem se quiserem saber, mas saibam que é a surpresa do fim do filme (minha mente emocionada achou que o Shahrukh Khan apareceria). Aliás, a coisa foi tão óbvia o tempo todo que eu sabia o que o cantor iria fazer na história. 

Eu e meu eterno fascínio por nerds de óculos .-.




Nem tudo foi ruim, minha gente. Gostei das duas amigas de Rhea, especialmente da Jugs (Pushtiie Shakti). Outra coisa muito legal foram os créditos de abertura, em que os atores fizeram uma montagem usando muitas camisas diferentes, o que deve ter dado trabalho. Lembrei do Tees Maar Khan pelo fato de que eu apreciaria mais momentos se as pessoas gritassem menos... e cortassem aquela cena final ridícula. 

É claro que não gostei do filme, e a expectativa que eu tinha em relação a ele fez a queda do cavalo ser mais intensa. Não precisava tanta obviedade e falta de conteúdo (ou presença de conteúdo ruim, vai saber) para fazer um filme jovem. Sempre usarei três palavras como prova de que é possível fazer um filme indiano simples, inovador, jovem, urbano e lindo: Wake Up Sid. Depois dele, meus padrões para filmes de diretores estreantes aumentaram muito. Sendo assim, senhor Bumpy  — sim, este é o nome da criatura que dirigiu isto —, façamos um pouquinho mais de esforço na hora de gastar um orçamento. 

Até a próxima, e pisem com cuidado no terreno da pequena Y-Films. E vejam Wake Up Sid.

1 comments

  1. Great analysis there..and nice blog !!
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